Pé diabético: melhor prevenir do que amputar

O paciente diabético de longa data, com mais de 10 anos de evolução, ou diabéticos mal controlados, apresentam alterações nos pés que podem levá-los à cirurgia, amputação de partes ou perda total do membro, resultando em amputação da perna. O angiologista e cirurgião vascular e endovascular, Jânio Cipriano Rolim, explica quais as principais doenças que podem atingir o pé de um paciente diabético e elenca os 10 mandamentos para mantê-lo saudável.

As principais doenças que podem atingir o pé do paciente são:

Doença aterosclerótica obstrutiva periférica que diminui a circulação para os pés, podendo levar ao escurecimento dos dedos ou do pé, com risco de perda do membro. Às vezes, começa a se apresentar como uma dor na panturrilha ao andar, subir escadas ou uma ladeira. É importante estar atento.

Neuropatia diabética, no qual os nervos periféricos do paciente são acometidos, levando o paciente a sentir dores em queimação, dormências, formigamentos, beliscões. A doença deixa os pés em risco, pois aumenta a possibilidade de acidentes sem sentir as lesões, como queimaduras leves, cortes pequenos no pé, traumas locais (topadas, por exemplo), possibilitando a infecção local ou a descompensação isquêmica local, com risco de amputação. É importante lembrar que essa doença pode levar a alterações na arquitetura do pé, predispondo a formação de calosidades que se tornam exuberantes e crônicas, causando fissuras/fraturas locais, que podem ser infectadas e comprometer o pé, levando a amputações evitáveis por meio de medidas preventivas, como o uso de sapatos adequados. Fique de olho!

O pé diabético infeccioso acontece porque o diabético por si só é um paciente imunodeprimido (com deficiência das defesas do corpo) e, qualquer porta de entrada (fissuras, rachaduras, pequenos cortes, calos agudos com bolhas, queimaduras), pode ser a causa de um abscesso no pé, que precisa ser tratado imediatamente por profissional habilitado (cirurgião vascular). De qualquer forma, como a prevenção é o melhor tratamento, é sempre prudente que se visite um cirurgião vascular, caso qualquer pequeno acidente ou ferimento apareça no pé do diabético.

Para prevenir problemas nos pés dos diabéticos, Jânio cita alguns mandamentos para mantê-los saudáveis:

1. Controlar rigorosamente a taxa de glicose no sangue e não fumar, pois a hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue) e o tabaco contribuem decisivamente para a ocorrência das complicações neurológicas e vasculares.

2. Examinar periodicamente, de preferência diariamente, visando principalmente a planta do pé e no meio dos dedos com a finalidade de detectar calosidades, bolhas, fissuras ou ulcerações. Esse exame pode ser feito pelo próprio paciente utilizando um espelho ou pelo familiar no caso que haja déficit visual. Na eventualidade de haver qualquer das alterações citadas, o médico deverá ser imediatamente comunicado.

3. Não andar descalço para evitar ferimentos na planta dos pés, que podem passar despercebidos devido à diminuição da sensibilidade cutânea decorrente da neuropatia.

4. Manter higiene rigorosa dos pés, lavando-os com água morna (nunca quente ou gelada) e sabonete; enxaguar bem, com delicadeza entre os dedos para não machucar. O diabético deve se acostumar a usar talco antimicótico suave no meio dos dedos, após o banho. É útil passar cremes ou loções hidratantes, particularmente nos calcanhares, para evitar fissuras e reduzir o prurido da pele ressecada. Esses cremes não devem ser usados no meio dos dedos para não provocar maceração da pele.

5. Cortar corretamente as unhas, não próximo da pele e sem retirar os cantos para que não ocorra encravamento das mesmas, em ambiente com boa iluminação. Devido à frequência de alterações visuais no diabético, é conveniente que esse corte seja feito por um familiar ou pedicuro devidamente instruído.

6. Evitar a aplicação de calor de qualquer espécie, como bolsas de água quente, almofadas elétricas, lâmpadas infravermelhas, etc. Quando expostos ao sol, os pés e pernas devem estar adequadamente protegidos para que não ocorram queimaduras.

7. Proteger e manter o calor nos pés, utilizando meias de lã no inverno e de algodão no verão, evitando aquelas feitas com fios sintéticos. As meias deverão ser trocadas diariamente para manutenção de boa higiene local.

8. Usar sapatos confortáveis que não apertem os dedos e o próprio pé. Esses sapatos devem ser mantidos em boas condições e precisam ser examinados internamente e todos os dias antes de calçá-los, para verificar se não há pregos ou outros corpos estranhos e se o forro não está rasgado, pois nessas condições pode haver lesão da pele.

9. Não cortar os calos sozinhos e nem usar calicidas para removê-los, porque são substâncias irritantes que podem lesar a pele.

10. Nunca usar antissépticos fortes na pele, principalmente tintura de iodo. Se houver ferimento, a região deverá ser lavada com água e sabão e a antissepcia é realizada com substâncias suaves, como por exemplo, a água boricada. Está contra indicado o uso de qualquer tipo de fita adesiva (esparadrapo ou similiar) diretamente na pele dos pés.

Fonte: Correio da Paraíba

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Passo Firme – 14.03.2012
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