Especialista aponta quais devem ser os rumos da tecnologia assistiva

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Avanços incluem de cadeiras de rodas inteligentes a exoesqueleto robótico

Quando se fala na expressão Design Universal, entende-se que determinado produto, ambiente, ou serviço, por exemplo, pode ser usado pela maior parte das pessoas, independente de idade, habilidade, ou situação. No Brasil, é o Comitê Brasileiro de Acessibilidade, órgão vinculado à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que é responsável pela criação de normas sobre o assunto. Atualmente, a entidade disponibiliza 16 normas, incluindo acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, por exemplo. Além disso, o comitê prevê requisitos de acessibilidade nos meios de transporte e na prestação de vários tipos de serviços.

Se de um lado é preciso fazer valer uma maior conscientização sobre como a acessibilidade deve ser encarada como requisito obrigatório em qualquer segmento da sociedade, por outro, os avanços da ciência acabam por desempenhar papel fundamental na diminuição das barreiras. A partir dessa premissa, surge uma área que há décadas vem pensando meios e maneiras para garantir o direito de ir e vir de pessoas com deficiência: a tecnologia assistiva.

Conforme destaca o professor José Antônio dos Santos Borges, pesquisador do Núcleo de Computação Eletrônica (NCE), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a tecnologia assistiva hoje dá suporte a, praticamente, todas as áreas de deficiência. “Isso é feito por meio de sofisticadas técnicas, como a síntese e reconhecimento de voz, inteligência artificial, visão artificial, robótica, mecatrônica e bioengenharia”, ressalta o pesquisador, que, junto à sua equipe, já criou alguns dos mais importantes softwares de acessibilidade do país, como o Dosvox, o MecDaisy e o Motrix.

José ressalta que entre as áreas com maior complexidade, se situam, neste momento, as tecnologias em que a mente atua diretamente como elemento de controle. Em outras palavras, já é realidade o cérebro poder controlar diretamente uma boa gama de dispositivos. Ou seja, por meio do pensamento, o ser humano, sem a necessidade de nenhuma ação mecânica, física, ou sonora, pode comandar um equipamento. O professor cita como exemplo os exoesqueletos, estruturas robotizadas que são “vestidas” por pessoas com deficiência motora grave, permitindo sua locomoção, cujo movimento é controlado diretamente pelo cérebro. “Esse controle ainda é limitado, mas é razoável supor que, em alguns anos, o controle direto pela mente abrirá fronteiras inagináveis para a amplificação do potencial humano”, prevê o especialista.

Um exemplo do desenvolvimento desse tipo de tecnologia no Brasil foi apresentado no programa do Globo Universidade sobre robótica, exibido no dia 11 de maio. O Centro de Robótica de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP), vem estudando maneiras de tornar viável exoesqueletos para reabilitação médica de pessoas com deficiência, ou com problemas motores. Os exoesqueletos robóticos estão sendo testados para auxiliar pacientes em tratamentos fisioterápicos, atuando, por exemplo, na reabilitação de membros inferiores em pessoas que sofreram um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

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O FUTURO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA – No que tange os avanços tecnológicos na área, o pesquisador aponta como um campo especialmente promissor os de sistemas de locomoção, no qual as cadeiras de rodas se tornam cada vez mais inteligentes, e com formas inovadoras. Esses equipamentos permitem aos cadeirantes, por exemplo, subir escadas, assumir diversos posicionamentos (sentado, em pé, ou deitado); massagear o usuário; ou mesmo ser direcionadas apenas com o pensamento.

“Além disso, carros inteligentes já são capazes de dirigir sem o motorista, e isso é fabuloso para um cego que pode ‘dirigir’ seu carro, ou para uma pessoa sem movimentos físicos que pode controlá-lo sem dificuldade. Esses são apenas pequenos exemplos, pois o computador, com seu potencial de simular a capacidade humana de controlar as coisas, e com um poder de cálculo e memorização extraordinário, é usado a cada dia em ideias inovadoras, que nos surpreendem e trazem novas perspectivas com valor incalculável para quem ganha a habilidade de fazer o que antes não podia”, ressalta José.

Em termos conceituais, para onde está caminhando a tecnologia assistiva? Respondendo a essa pergunta, o pesquisador prevê que no futuro, partes do corpo do ser humano que funcionem precariamente possam ser substituídas por máquinas computadorizadas bem acopladas, sendo, provavelmente, comum a figura do “cyborg”, ou seja, a mistura de homem e máquina.

“Independente dessa possibilidade, que já é real, pois é comum que em pessoas cardíacas o coração já seja controlado através de um pequeno computador, a tecnologia já é usada para várias coisas. Ela pode dar potencial de leitura a quem não pode ler, movimentação para quem não se movimenta, acesso virtual no qual o presencial é impossível, visão e fala artificiais, mesmo que precárias, entre outras coisas. Neste campo, não há limite, ou melhor, o limite é nossa imaginação”, conclui.

Fonte: Globo Ciência

Passo Firme – 03/06/2013
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“Senhores, nós temos a tecnologia…”

Na abertura do clássico seriado “O Homem de Seis Milhões de Dólares” Steve Austin, astronauta, sofre um acidente testando um protótipo de avião espacial e perde pernas, braço, olho, sendo salvo pela tecnologia biônica experimental. O texto fala em torná-lo melhor, mais forte, mais rápido. Mais tarde ele utiliza seus poderes para enfrentar vilões, com super-força, super-visão e a capacidade de correr em câmera lenta.

A pequena Emma (foto) dificilmente seguirá uma carreira de combate ao crime. Até mesmo uma vida normal era pedir demais, para alguém que nasceu com Artrogripose Múltipla Congênita (AMC) . Essa doença provoca contrações e fraqueza muscular. Com 2 anos ela é incapaz de levantar os braços sozinha.

A AMC não é progressiva, mas isso não servia de consolo. Emma precisava usar um equipamento conhecido como WREX (Wilmington Robotic Exoskeleton). Grande , pesado e caro, fica inclusive em um pedestal, dando mobilidade zero para a menina.

Aí entra em ação o pessoal do Hospital Infantil duPont, mais especificamente da área de pesquisa biomédica. Percebendo que havia uma impressora 3D no laboratório, Tariq Rahman e Whitney Sample, criadores do WREX abriram um Autodesk Inventor da vida e redimensionaram o WREX para o tamanho de Emma, projetando como uma unidade autônoma. Como seria feito em plástico ABS, seria leve o suficiente para não depender de pedestais. Emma teria… mobilidade.

O conceito por trás do WREX é genialmente simples (veja o vídeo acima). Na falta de um Reator de Arco, seria complicado atuchar 20Kg de baterias pra coitada da Emma carregar, e ela iria tropeçar na extensão. Por isso o exoesqueleto utiliza física do tempo de Arquimedes. Alavancas e pontos de apoio permitem a Emma mover seu mundo.

Apesar do custo muito mais baixo, o WREX de Emma é totalmente customizado. Só as poucas partes metálicas são padronizadas. o resto foi feito para ela, mas com o uso de impressora 3D, isso não é problema. Até mesmo quando ela quebra alguma parte do equipamento (e ela é criança, VAI quebrar o brinquedo) a mãe manda uma foto da parte quebrada, o laboratório imprime outra e é só marcar uma visita e consertar a danadinha.

Emma, que normalmente não consegue levantar os braços, com seu exoesqueleto leva uma vida normal, brincando, desenhando, comendo biscoitos e sendo criança.

A mãe diz que quando Emma quer usar o WREX, pede para a mãe pegar seus “braços mágicos”.

Não, pequena Emma. Não é magia, é tecnologia.

Fonte: Site Meio Bit

Passo Firme – 08.08.2012
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