Como lidar com a folga no encaixe

Lázaro Britto

Tenho recebido muitos e-mails de pessoas interessadas em saber como estou lidando com a folga do encaixe da prótese, anunciada aqui no blog pouco antes do Natal, uma semana após ter voltado do Centro Marian Weiss (CMW), em São Paulo. Como se pode ver, a situação foi resolvida com a colocação de calços de poliform dentro do encaixe e de pedaços de liner diretamente sobre o coto, na região das membranas do Seal-in, para evitar a solta do encaixe com facilidade. As sugestões foram do protesista e da fisioterapeuta da clínica, Rodrigo Moura e Mônica Yamaoka, respectivamente, alertando que o paliativo resolveria o problema temporariamente, sendo necessária a confecção de um novo encaixe de prova.

Além da atrofia natural e esperada nesta fase inicial da protetização, perdi peso por conta de uma séria crise de amigdalite que tive no começo do ano. Fiquei uma semana de cama, com febre alta e sentindo dores em várias partes do corpo, o que inviabilizou o uso da prótese. Além disso, por conta de algumas alterações nos exames de sangue e urina, os médicos suspeitaram que o problema fosse além de uma simples inflamação de garganta e tiveram que passar uma bateria de exames complementares. Como já tenho o histórico de uma atrofia que requereu a confecção de dois encaixes de prova em menos de um mês de treino (veja a matéria), desta vez não seria diferente. Veja as fotos:

TÉCNICA – Apesar de ser muito utilizada nas ortopedias, a técnica de colocar calços dentro do encaixe pode interferir no alinhamento da prótese. “O eixo de gravidade é alterado”, admite o protesista Rodrigo Moura, de modo que é comum o paciente queixar-se de instabilidade no encaixe, resistência no balaço da prótese e, no caso do 3R80, acionamento indevido da resistência hidráulica do joelho, principalmente quando o usuário descarrega o peso sobre a prótese. Já a utilização de ‘calços’ dentro do liner pode provocar bolhas de ar e outras irritações cutâneas na pele, além de interferir diretamente na suspensão e estabilidade da prótese. Apesar disso, é uma das formas mais simples de remediar o problema, permitindo o uso da prótese até que uma solução definitiva seja adotada.

Por que todos esses problemas? Houve falhas em alguma das etapas do processo? Acho muito prematuro julgar o processo de preparação do coto insuficiente para a protetização, até porque reconheço que, embora me julgasse preparado em sentido físico – pelo simples fato de vir enfaixando o coto corretamente e praticando algumas atividades físicas, como musculação e hidroginástica – problemas como a hiperlordose na região lombar e a fraqueza muscular nas regiões do coto e do abdômen continuam sem a devida atenção.

Explico: quando voltei de São Paulo recebi recomendações de praticar pilates e continuar o treino funcional de marcha com algum fisioterapeuta com experiência no trabalho com amputados. Por diversos motivos, até agora não conseguir fazer nem uma coisa nem outra, sem falar das dificuldades de se encontrar um bom profissional especializado em treino funcional de amputados (aceito indicações).

Resultado: não demorou muito para constatar que um longo trabalho de fortalecimento global é mais do que necessário para um resultado satisfatório não apenas em relação à deambulação com a prótese, mas também em relação às funções de um joelho hidráulico como o 3R80. Apesar de todos esses problemas, continuo usando a prótese normalmente e devo voltar à São Paulo ainda este mês para a confecção de um novo encaixe.

Abraços!

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Passo Firme – 05.02.2012
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5 comentários em “Como lidar com a folga no encaixe

  1. Tudo oq vc relata é considerado normal em casos de protetização de pacientes primários como vc. Porem só uma analise melhor pode determinar com certeza essa ocorrência e sua real causa. Controle da perimetria é fundamental. Testar um encaixe por uns 90 dias também é aconselhável. Mesmo após esse prazo podem ocorrer problemas que devem, em alguns casos, ( a meu ver) ser corrigidos ainda em garantia. Não desanime e siga em frente, vc tem um bom membro residual, um bom equipamento e uma equipe de primeira na retaguarda. Boa sorte.

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    1. Marcelão,

      É justamente essa ‘normalidade irrirante’ que incomoda tanto a quem passa por isso. Almejamos um explicação, uma palavra de conforto, uma teoria… mas o que ouvimos é que tudo é normal. Talvez seja mesmo!

      Att.

      Lázaro Britto
      Blog Passo Firme

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  2. ola entao sou estudante de um curso tecnico no senai e preciso fazer u projeto inovador escolhi a parte ortopedica para isso .tenho feito algumas pesquisa e vejo muitas pessoas reclamando do encaixe gostaria de mais informaçoes se puderem me ajudar ..
    Gostaria muito de poder desenvolver algo que melhorasse a desenvoltura deste profuto desde ja agradeço a atenção

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